A Península de Setúbal está geograficamente localizada na metade sul de Portugal, área mais quente do país, banhada pelo Oceano Atlântico, próxima à zona de Lisboa e abraçada pela região do Alentejo. A Península possui quase 8 mil hectares de vinhedos, divididos em 13 concelhos, todos envolvidos na produção de vinho. A região sofre influência marítima por situar-se no litoral, o que caracteriza seu clima como mediterrâneo, conhecido por verões quentes e secos e invernos frios e chuvosos.
A região é popular por sua vocação à exportação, operação econômica realizada pelo menos desde o Século XIV, quando o Rei Ricardo II, da Inglaterra, se tornou um grande apreciador dos vinhos da península, passando a firmar acordos comerciais que abasteciam a corte britânica. Assim, a Península de Setúbal tornou-se a segunda região demarcada de Portugal.
Setúbal é conhecida por trazer vinhos com muita delicadeza e elegância, amigáveis ao paladar. Seus vinhos jovens apresentam características mais frutadas, como aromas de frutas vermelhas, enquanto os vinhos maduros apresentam características mais relacionadas a pinhão e castanhas. A casta mais cultivada na região é a Castelão, produzida em 3.290 dos quase mil hectares da região para sua produção.
Próxima aos rios Tejo e Sado e do próprio Oceano Atlântico, que funcionam como moderadores no clima, a localidade conta com uma janela de amadurecimento ideal da uva, também favorecido pelo solo calcário pardo e vermelho característico do território.
SOBRE PALMELA (DOC)
Dentro da Península de Setúbal, encontra-se a microrregião de Palmela, chamada de zona plana, a qual possui solos arenosos e grande oscilação de temperaturas (dias quentes, noites frias), clima conhecido por ser ideal para a produção da uva Castelão. O solo arenoso faz com que as raízes das videiras se aprofundem em busca de água e nutrientes, trazendo mais corpo para uva, condições ideais para a casta castelão, que tem a casca bastante resistente, trazendo, por isso, vinhos com taninos bem presentes.
Na região de Palmela encontra-se a Fernão Pó Adega, localizada nas planícies de Fernando Pó, conhecida pela qualidade de suas uvas, a qual, dividida em 5 pequenas quintas desde a chegada do caminho-de-ferro em 1861, distingue-se pela camada de areias macias, a cobrir o solo de barro. O microclima temperado pelos rios Tejo e Sado protege e facilita a maturação perfeita das uvas. O resultado são vinhos conhecidos pela boa estrutura, corpo, cor e, principalmente, aromas.
Na Fernão Pó Adega, a escolha de castas tem sido por experimentação, em busca de um perfil de vinhos genuíno, complexo e gastronômico. Dentre os 70 hectares de vinhas da família, destacam-se 34 hectares de Castelão, a casta de eleição da região, seguida pela apimentada Cabernet Sauvignon, que amadurece bem na região. Outras uvas lá cultivadas são Syrah, Touriga Nacional, Merlot, Alicante Bouschet, Tannat, Aragonês e Caladoc. Nas castas brancas, destaca-se a popular branca Fernão Pires, além de Síria, Verdelho, Viosinho, Arinto e Moscatel.
